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A Comissão Nacional de Justiça e Paz, através do jurista Cândido Mendes, emitiu pronunciamento em relação à alocução do papa Bento XVI dirigida aos bispos do Maranhão, quando se referiu à matéria de natureza política e enfatizou o uso livre do voto para a promoção do bem comum.
O reitor da Universidade Cândido Mendes observou que, de acordo com o Vaticano II, essa matéria é de específica competência dos leigos no corpo da Igreja. “A hierarquia pode advertir, mas não interferir na autonomia dos leigos no exercício do voto”, disse.
Ele mencionou a Constituição Pastoral Gaudium et Spes, segundo a qual "os leigos devem considerar as prioridades da justiça social, da aceleração do desenvolvimento ou da construção da paz, na luta contra a violência".
Intelectual de família católica tradicional e irmão do falecido arcebispo de Mariana (MG) e ex-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Luciano Mendes de Almeida, Cândido insiste na autonomia, mesmo quando "entram também nessas considerações o apoio a uma legislação contra o aborto.”
Mendes lembrou que a questão do aborto depende de um futuro debate no Congresso, no qual também "prevalecerão o peso e o testemunho dos valores cristãos".
A responsabilidade final da escolha é, pois, do eleitor, “na plena consciência da preservação da sua liberdade, no que é de sua estrita competência na vida pública nacional", assegurou o jurista.
Eis a íntegra da nota.
Pronunciamento do Prof. Candido Mendes - Primeiro Presidente Comissão Nacional de Justiça e Paz
A alocução do Papa Bento XVI aos bispos do Nordeste, ao reiterar a orientação dos pastores, mesmo em matéria política, insiste nesse uso livre do voto para promoção do bem comum. Esta decisão, nos termos do Vaticano II, é da específica competência desses leigos no corpo da Igreja. Pode a hierarquia advertir, porém não substituir-se ao que é a autonomia dos leigos no exercício do voto. Nesta promoção, pela política do bem comum, impõem-se, nas escolhas partidárias, como insiste a Gaudium Spes, as prioridades da justiça social, da aceleração do desenvolvimento ou da construção da paz, na luta contra a violência. Claro, entram também nessas considerações o apoio a uma legislação contra o aborto. Mas esta, no caso, toda a depender de um futuro debate no Congresso, quando prevalecerão o peso e o testemunho dos valores cristãos.
A responsabilidade final, pois, da escolha é do eleitor, na plena consciência da preservação da sua liberdade, no que é de sua estrita competência na vida pública nacional.
Candido Mendes
Pronunciamento da Comissão Nacional de Justiça e Paz
Rio de Janeiro, 29 de outubro de 2010.
Fonte: IHU OnLine, em 30/10/10 - http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=37847
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